segunda-feira, 6 de julho de 2009

Mudanças climáticas causam aquecimento das águas e ameaçam cardumes.


BRASÍLIA. O aumento da temperatura de oceanos, rios e lagos associado a mudanças climáticas ameaça cada vez mais os peixes, segundo um novo relatório da Rede WWF. De acordo com o documento divulgado hoje, água mais quente significa menor reprodução, menos alimento e oxigênio para peixes de água doce e salgada. Peixes são uma fonte de proteína para 2,6 bilhões de pessoas no mundo, e a indústria pesqueira movimenta US$ 130 bilhões por ano, além de gerar 200 milhões de empregos.
O relatório, intitulado “Estamos lançando os peixes em água quente?”, indica que o aquecimento global é a causa do aumento de temperatura das águas e da alteração do regime de chuvas e dos padrões de correntes e nível do mar.
“As mudanças no clima vão ameaçar os estoques pesqueiros, que já sofrem com a sobrepesca, a, poluição dos ecossistemas aquáticos e a degradação de habitats” diz Antonio Oviedo, técnico do Programa Amazônia do WWF-Brasil. “Juntamente com os estoques pesqueiros, os ecossistemas aquáticos serão os primeiros a refletir os impactos das mudanças climáticas”.
No Brasil, em regiões como a Amazônia, o eventual aumento de temperatura poderia tornar as condições letais para os peixes. Muitas espécies já sofrem com temperaturas elevadas durante a parte mais quente do dia. Um aumento de 1 ou 2 graus pode causar a morte de cardumes inteiros. Com a água mais quente, a aceleração do metabolismo e a redução do oxigênio dissolvido afetariam diretamente os cardumes.
Temperaturas mais altas poderiam ainda provocar a migração de cardumes para águas mais frias. Com isso, espécies que se alimentam de peixes perderiam sua fonte de alimento. No Golfo do Alasca, em 1993, 120 mil aves, incapazes de alcançar os peixes, morreram de fome. Na Amazônia, aves como o mergulhão precisariam mergulhar mais fundo para capturar a presa, o que causaria impacto sobre a espécie.
“À medida que os impactos das mudanças climáticas ganham força e freqüência, é obvia a necessidade de fortalecer o Protocolo de Quioto e aprovar reducões mais ambiciosos de gases poluidores” diz Giulio Volpi, Coordenador para Mudanças Climáticas da Rede WWF na América Latina.
A reunião foi a primeira que reuniu as partes do Protocolo, único acordo multilateral do mundo que estabelece metas de redução absoluta de emissão de dióxido de carbono e outros gases que causam as mudanças climáticas, desde que o tratado entrou em vigor, em fevereiro 2005. Neste ano serão iniciadas as negociações sobre o segundo período de compromisso, que começa em 2012.
“O Brasil deve apoiar o começo dessas negociações com uma data clara para o término dos trabalhos” diz Volpi. “O país também deve adotar e efetivamente implementar metas nacionais quantitativas de redução do desmatamento na Amazônia, e então reduzir a principal fonte de emissão de gás de efeito estufa no Brasil. Será um sinal claro ao mundo da seriedade com que o pais trata do assunto, e de como está pronto para assumir seu papel” concluiu Volpi.
O WWF-Brasil é uma organização da sociedade civil brasileira sem fins lucrativos, reconhecida pelo governo como instituição de utilidade pública. Criado em 1996 e sediado em Brasília, o WWF-Brasil atua em todo o país com a missão de contribuir para que a sociedade brasileira conserve a natureza, harmonizando a atividade humana com a proteção da biodiversidade e com o uso racional dos recursos naturais, para o benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações.
O WWF-Brasil também é membro da maior rede ambientalista mundial: a Rede WWF. Criada em 1961, a Rede WWF é formada por organizações similares e autônomas, conta com o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas entre afiliados e voluntários, e atua em cem países nos cinco continentes.


Para mais informações:
WWF-Brasil

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