sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Casa sustentável disputa prêmio na Europa



Uma casa em que o sol é a única fonte de energia para todas as atividades cotidianas dos moradores é o resultado de uma parceria entre seis universidades brasileiras. A casa, cuja construção deve começar ainda neste mês, em São Paulo, está entre os 19 projetos selecionados para a Solar Decathlon Europe, competição internacional entre universidades que acontecerá em junho de 2010, na Espanha.
O uso da energia solar e, também, a flexibilidade da construção contribuem para tornar sustentável o projeto, batizado como Casa Solar Flex. Além de estar equipada para converter a luz do sol em energia e calor, a casa é projetada em módulos que permitem diferentes montagens a partir de uma mesma estrutura, adaptando a construção às condições ambientais locais. A equipe brasileira responsável pelo projeto, chamada Consórcio Brasil, é formada por estudantes e professores de seis universidades do país (USP, UFSC, UFRGS, Unicamp, UFRJ e UFMG). a ideia de unir as seis instituições de ensino surgiu quando o vice-reitor de relações internacionais da Universidad Politécnica de Madrid (UPM), José Manuel Páez Borrallo, apresentou aos brasileiros a competição Solar Decathlon Europe. Considerando a complexidade do projeto e o custo financeiro elevado, decidimos de pronto trabalhar em consórcio”, justifica a equipe brasileira. No projeto da equipe brasileira, a energia irradiada do sol é aproveitada de duas formas, como explica o arquiteto Miguel Pacheco, aluno de doutorado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e integrante do Consórcio Brasil. Por um lado, painéis solares - chamados painéis fotovoltaicos - transformam essa energia na eletricidade usada na casa. Por outro, coletores solares convertem a energia captada do sol em calor, que é usado para aquecimento da água doméstica utilizada, por exemplo, para banhos e na cozinha. Além dos painéis em toda a superfície de cobertura da casa, foram projetadas placas solares móveis na fachada, como informa Yuri Kokubun, aluno de arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e integrante da equipe. De acordo com o estudante, a estratégia foi adotada para otimizar o ganho de energia solar, considerando que a trajetória do sol é mais curta durante o inverno. As placas podem movimentar-se em função da diferença de insolação ao longo do ano ou do dia. Kokubun explica que, no caso de Madri, onde será a competição, elas podem ficar na fachada leste pela manhã e na sul à tarde, acompanhando o sol. (onde haverá uma rede interligada de energia), a auto-suficiência da Casa Solar Flex será garantida por baterias que acumulam toda a energia excedente gerada ao longo do dia. Nos períodos em que a geração for menor que o consumo, a casa utilizará essa energia acumulada. O aproveitamento da energia que o sol irradia para a Terra tem amplo potencial de uso, na opinião de Pacheco, da UFSC. Ele lembra que o Brasil, por ser um pais tropical e equatorial, tem boas condições geográficas para esse aproveitamento. O projeto da equipe brasileira levou em conta também a chamada arquitetura bioclimática que, segundo Pacheco, usa o clima a seu favor para reduzir ao máximo a necessidade de sistemas artificiais de aquecimento e resfriamento. “Isso garante maior conforto ambiental, redução do consumo de energia e poluição e tem vantagens econômicas”, defende o arquiteto. A casa possui uma estrutura comum - que contém instalações como geradores de energia, ar condicionado, eletrodomésticos e banheiro - à qual são acoplados módulos que permitem montagens diferenciadas. É possível construir modelos diversos de residência que, por exemplo, favoreçam a maior ou menor exposição solar e a escolha de paredes, coberturas e pisos para climas mais frios ou mais quentes, para que a casa se adapte às necessidades ambientais locais. Para exemplificar a flexibilidade do projeto, Pacheco contrapõe Curitiba e Amazônia. No primeiro caso, áreas grandes de janelas onde o sol incide no inverno frio esquentariam a casa, tornando-a confortável. E o projeto garantiria que, durante o verão, as janelas ficassem sombreadas, evitando aquecimento em excesso pela incidência direta do sol. Já na Amazônia, com calor e umidade o ano todo, as janelas seriam sempre sombreadas.Para a equipe os materiais utilizados, os dejetos produzidos e o impacto social de todas as pessoas envolvidas no processo de construção e uso de uma residência, pode se concluir que esta é uma das áreas com maior impacto positivo na direção de uma sociedade mais sustentável”, completa.



Postado por Jussara Cunha

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