segunda-feira, 8 de junho de 2009

Pesquisas em geleiras na Antártida detectam aumento de emissão de gases na atmosfera.

Estudos realizados em 2008 por especialistas em geleiras na Antártida mostram um aumento de 36% na concentração CO2 e 100% de CH4 desde o inicio da revolução industrial. Essa conclusão foi tirada a partir de pesquisas realizadas nas bolhas de gases retidas no gelo. O glaciólogo e professor do Departamento de Geografia do Instituto de Geociências da UFRGS, Jefferson Simões, afirma que nunca as concentrações desses gases foram tão altas quanto às encontradas hoje durante os últimos cinqüenta anos na atmosfera terrestre.
“Temos um quadro bastante sério com um aumento brusco na concentração de CO2 e CH4 num período muito curto que é de 150 a 200 anos, o que implicaria intensificação do efeito estufa e como conseqüência as mudanças do clima”, acrescenta o glaciólogo.
As geleiras e mantos de gelo são constituídos pela neve que se acumulou e acumula-se na forma de camadas horizontais. Ao analisar o gelo é possível detectar a atividade vulcânica, fontes terrestres de poeira, extensão do mar congelado, atividade biológica terrestre e marinha, além da poluição global de oxidação da atmosfera.
Jefferson Simões diz que apesar de algumas empresas se preocuparem com a diminuição da agressão ao meio ambiente, principalmente por notarem que existe um retorno econômico, muitas indústrias só fazem isso simplesmente por propaganda e para seguir uma tendência do mercado. Simões critica os ´jargões´ usados pelas indústrias como geração zero de carbono plantando árvores. Para ele isso é uma especulação que foi criada pelo mercado de carbono.
“Se todos nós fôssemos plantar árvores para cada ação aqui no planeta não teria muito espaço para vivermos”.
Apesar disso o glaciólogo não culpa somente as indústrias como poluidores globais. Ele explica que a questão da poluição local e regional, no que acontece no centro urbano na megalópole como São Paulo, onde o grande número de indústrias vai mudar a composição química fazendo com que ocorra ilhas urbanas de calor, não pode ser confundido com os processos globais que é uma média para o planeta todo.
“A indústria tem sua parcela de interferência por meio da poluição no meio ambiente, mas fica muito fácil apontá-las como principal responsável, na verdade a responsabilidade é do nosso modelo econômico de maciço consumo de energia para atender o padrão de vida de só um terço da população do planeta”.

Ouça a entrevista na íntegra com o glaciólogo e professor do Departamento de Geografia do Instituto de Geociências da UFRGS, Jefferson Simões




Caroline Cury

Ecoando l Brasil

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